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http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI221142-15230,00-AGORA+SOU+VEGETARIANA.html
"Agora sou vegetariana"
Meu mundo caiu quando minha filha de 10 anos disse isso
Cristiane Segatto
Repórter especial, faz parte da equipe de ÉPOCA desde o lançamento da revista, em 1998. Escreve sobre medicina há 15 anos e ganhou mais de 10 prêmios nacionais de jornalismo. Para falar com ela, o e-mail de contato é cristianes@edglobo.com.br
Mãe é um bicho difícil de agradar. É o que sente grande parte das pessoas que consomem quilos de lenço de papel nos consultórios dos psicanalistas. Para as mulheres, a coisa é mais complexa. Muitas vezes mistura a difícil relação com a mãe que tiveram com o medo da mãe que vão ser. Uma das fontes de conflito mais precoces é a alimentação.
A piada sobre a diferença entre a mãe judia e a mãe italiana é um exemplo de que essa é uma questão universal. Se o filho não quer comer, a mãe judia diz: “Eu me mato”. A italiana diz: “Eu te mato”. A brasileira reage de uma forma, de outra ou de múltiplos jeitos. Nem precisa ser uma daquelas mães superprotetoras dos filmes de Woody Allen. Para sofrer quando um filho não come direito, basta ser mãe.
Umas reclamam que o filho só quer porcaria. Refrigerante, fast-food, podritos em geral. Outras dizem que ele draga o que estiver por perto e está virando uma bola. Ou que a menina come feito passarinho e vai ficar doente. Ou que o garoto é cheio de restrições. Só come macarrão, carne e batata frita
Nunca pude reclamar de nada. Desde muito pequena, minha filha sempre comeu de tudo. Com especial predileção por verduras, legumes e frutas. As mais frescas, as de sabor mais marcante, as mais comuns e as menos conhecidas. Perto dos 11 anos, com um pé na infância e outro na pré-adolescência, resolveu radicalizar: “Mãe, agora sou vegetariana”.
Meu mundo caiu. Onde foi que eu errei? Onde eu estava quando esses pensamentos tortos começaram a entrar na cabecinha dela? Só não encarnei a mãe italiana (tão entranhada no meu DNA) por achar que o confronto explícito não é uma boa estratégia em situações em que negociar é possível. Principalmente, quando do outro lado da mesa está uma quase adolescente. Também não vi vantagem na opção mãe judia. Se eu morrer quem vai salvá-la dessa sandice?
Engoli meu desagrado sem deixar nenhum resquício no canto da boca e me pus a conversar. Se ainda existir sindicalismo quando minha filha for adulta acho que ela dará uma ótima sindicalista. Está ali uma criatura que sabe reivindicar, negociar, negociar e, quase sempre, vencer. Se escolhemos uma escola que estimula o diálogo e a contestação das verdades absolutas, é natural que ela e os colegas sejam assim. É natural também que as verdades dos pais estejam sob constante questionamento.
Os argumentos da minha filha são legítimos e respeitáveis como os de todos os vegetarianos. Dizer que não é justo comer a carne de um animal que foi criado exclusivamente para satisfazer as vontades e as necessidades humanas é bastante razoável. Olhar a carne no prato e refletir sobre o sofrimento imposto ao animal é até louvável. Não posso criticar uma criança que demonstra a capacidade de se colocar no lugar do outro – principalmente se o outro é um animal sem chance de defesa.
O máximo que consegui arranjar para o momento foi a explicação básica de que a preocupação com os animais é importante, mas, infelizmente, ter uma alimentação restrita não é saudável. Como humanos que somos precisamos comer carne para ter todos os nutrientes necessários para a nossa saúde.
Sabe como a sindicalista reagiu? Não cerrou os punhos, mas respirou fundo, fez aquela cara de quem está pronta para o ataque e disse: “O mundo não leva as crianças em consideração. O que a gente pensa e diz nunca tem importância.”
Fiquei tentada a concordar com essa afirmação quando assisti na semana passada ao filme Cópia Fiel, do iraniano Abbas Kiarostami. Em uma das cenas, um escritor diz que as crianças dizem coisas sábias mas ninguém dá bola para elas. Quando um pensador diz a mesma coisa, o mundo o reverencia com um “Oooohhhh. Que mente privilegiada.”
Por respeito à sabedoria infantil e por amor à minha filha, resolvi pesquisar um pouco mais sobre vegetarianismo. Existem médicos e nutricionistas que acham possível alimentar uma criança ou adolescente sem carne (ou até mesmo sem ovos e laticínios). Dizem que essa opção não provoca deficiências nutricionais nem compromete o crescimento, mas que em alguns casos é preciso tomar suplementos de vitamina B12. Encontrei uma entrevista sobre o assunto com o nutrólogo Eric Slywitch, da Sociedade Vegetariana Brasileira.
A maioria dos pediatras, no entanto, não recomenda que crianças virem vegetarianas. Conversei com Helio Fernandes da Rocha. Ele é professor de nutrologia pediátrica da UFRJ e membro do departamento científico de nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria. Ele é categórico: “O vegetarianismo não é uma prática recomendável para crianças nem para adultos. É uma opção calcada em aspectos éticos mas que não faz sentido do ponto de vista dos interesses de saúde.”
Rocha diz que o intestino dos animais herbívoros é capaz de metabolizar os vegetais de uma forma mais eficiente do que o da espécie humana. O intestino deles é cheio de bactérias fermentadoras que conseguem transformar capim em aminoácidos suficientes para manter viva uma vaca daquele tamanho.
Já o nosso aproveitamento funcional dos vegetais é incompleto. Para que os humanos possam se beneficiar desses aminoácidos a única saída é comer a carne desses herbívoros. “Para a criança, esse negócio de não comer carne é ainda pior. O organismo dela está em construção e depende de nutrientes que os vegetais, sozinhos, não oferecem”.
Um dos riscos dessa opção é o desenvolvimento de anemia por falta de ferro. Esse nutriente não existe apenas na carne. Pode ser encontrado em vegetais como feijão e verduras de folhas verdes escuras como brócolis e espinafre, por exemplo. Ainda que a criança ingira bastante ferro dessa forma ele pode não ser suficiente. Esses vegetais contêm ferro mas contêm também outros elementos que comprometem a absorção desse ferro pelo nosso organismo. “O nosso intestino tem dificuldade de absorver o ferro porque ele está ligado num vegetal. Se o mesmo ferro vier de proteína animal, ele é mais bem aproveitado”, diz Rocha.
Se a criança ou o adolescente se tornar irredutível na decisão de não comer carne, a recomendação de Rocha é que ele seja encaminhado a um especialista para avaliar a condição nutricional e, se for o caso, prescrever suplementos.
Meu desespero não chegou a tanto. Minha filha come ovos, toma leite e fica feliz como uma ratinha diante de um naco de queijo bem furado. Estou convencida de que isso não é suficiente. Vou continuar oferecendo, sem briga, sem drama, carne nas mais variadas e apetitosas formas.
Um dia desses ganhei minha primeira batalha. Depois de muito refletir, ela disse:
“Agora sou vegetariana. Como apenas frutas, verduras, vegetais e....bife à milanesa”
Em silêncio, festejei:
Um bife fino e macio encapado com uma crosta sequinha de farinha de rosca opera milagres. Será que esse é o verdadeiro trunfo da mãe italiana? Grazie a Dio.
O que você acha? Concorda ou discorda dos vegetarianos? Essa é uma opção saudável para crianças e adolescentes?
Alguns comentários :
Regiane Dias SP / Guarulhos 26/03/2011 21:13
A piada sobre a diferença entre a mãe judia e a mãe italiana é um exemplo de que essa é uma questão universal. Se o filho não quer comer, a mãe judia diz: “Eu me mato”. A italiana diz: “Eu te mato”. A brasileira reage de uma forma, de outra ou de múltiplos jeitos. Nem precisa ser uma daquelas mães superprotetoras dos filmes de Woody Allen. Para sofrer quando um filho não come direito, basta ser mãe.
Umas reclamam que o filho só quer porcaria. Refrigerante, fast-food, podritos em geral. Outras dizem que ele draga o que estiver por perto e está virando uma bola. Ou que a menina come feito passarinho e vai ficar doente. Ou que o garoto é cheio de restrições. Só come macarrão, carne e batata frita
Nunca pude reclamar de nada. Desde muito pequena, minha filha sempre comeu de tudo. Com especial predileção por verduras, legumes e frutas. As mais frescas, as de sabor mais marcante, as mais comuns e as menos conhecidas. Perto dos 11 anos, com um pé na infância e outro na pré-adolescência, resolveu radicalizar: “Mãe, agora sou vegetariana”.
Meu mundo caiu. Onde foi que eu errei? Onde eu estava quando esses pensamentos tortos começaram a entrar na cabecinha dela? Só não encarnei a mãe italiana (tão entranhada no meu DNA) por achar que o confronto explícito não é uma boa estratégia em situações em que negociar é possível. Principalmente, quando do outro lado da mesa está uma quase adolescente. Também não vi vantagem na opção mãe judia. Se eu morrer quem vai salvá-la dessa sandice?
Engoli meu desagrado sem deixar nenhum resquício no canto da boca e me pus a conversar. Se ainda existir sindicalismo quando minha filha for adulta acho que ela dará uma ótima sindicalista. Está ali uma criatura que sabe reivindicar, negociar, negociar e, quase sempre, vencer. Se escolhemos uma escola que estimula o diálogo e a contestação das verdades absolutas, é natural que ela e os colegas sejam assim. É natural também que as verdades dos pais estejam sob constante questionamento.
Os argumentos da minha filha são legítimos e respeitáveis como os de todos os vegetarianos. Dizer que não é justo comer a carne de um animal que foi criado exclusivamente para satisfazer as vontades e as necessidades humanas é bastante razoável. Olhar a carne no prato e refletir sobre o sofrimento imposto ao animal é até louvável. Não posso criticar uma criança que demonstra a capacidade de se colocar no lugar do outro – principalmente se o outro é um animal sem chance de defesa.
O máximo que consegui arranjar para o momento foi a explicação básica de que a preocupação com os animais é importante, mas, infelizmente, ter uma alimentação restrita não é saudável. Como humanos que somos precisamos comer carne para ter todos os nutrientes necessários para a nossa saúde.
Sabe como a sindicalista reagiu? Não cerrou os punhos, mas respirou fundo, fez aquela cara de quem está pronta para o ataque e disse: “O mundo não leva as crianças em consideração. O que a gente pensa e diz nunca tem importância.”
Fiquei tentada a concordar com essa afirmação quando assisti na semana passada ao filme Cópia Fiel, do iraniano Abbas Kiarostami. Em uma das cenas, um escritor diz que as crianças dizem coisas sábias mas ninguém dá bola para elas. Quando um pensador diz a mesma coisa, o mundo o reverencia com um “Oooohhhh. Que mente privilegiada.”
Por respeito à sabedoria infantil e por amor à minha filha, resolvi pesquisar um pouco mais sobre vegetarianismo. Existem médicos e nutricionistas que acham possível alimentar uma criança ou adolescente sem carne (ou até mesmo sem ovos e laticínios). Dizem que essa opção não provoca deficiências nutricionais nem compromete o crescimento, mas que em alguns casos é preciso tomar suplementos de vitamina B12. Encontrei uma entrevista sobre o assunto com o nutrólogo Eric Slywitch, da Sociedade Vegetariana Brasileira.
A maioria dos pediatras, no entanto, não recomenda que crianças virem vegetarianas. Conversei com Helio Fernandes da Rocha. Ele é professor de nutrologia pediátrica da UFRJ e membro do departamento científico de nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria. Ele é categórico: “O vegetarianismo não é uma prática recomendável para crianças nem para adultos. É uma opção calcada em aspectos éticos mas que não faz sentido do ponto de vista dos interesses de saúde.”
Rocha diz que o intestino dos animais herbívoros é capaz de metabolizar os vegetais de uma forma mais eficiente do que o da espécie humana. O intestino deles é cheio de bactérias fermentadoras que conseguem transformar capim em aminoácidos suficientes para manter viva uma vaca daquele tamanho.
Já o nosso aproveitamento funcional dos vegetais é incompleto. Para que os humanos possam se beneficiar desses aminoácidos a única saída é comer a carne desses herbívoros. “Para a criança, esse negócio de não comer carne é ainda pior. O organismo dela está em construção e depende de nutrientes que os vegetais, sozinhos, não oferecem”.
Um dos riscos dessa opção é o desenvolvimento de anemia por falta de ferro. Esse nutriente não existe apenas na carne. Pode ser encontrado em vegetais como feijão e verduras de folhas verdes escuras como brócolis e espinafre, por exemplo. Ainda que a criança ingira bastante ferro dessa forma ele pode não ser suficiente. Esses vegetais contêm ferro mas contêm também outros elementos que comprometem a absorção desse ferro pelo nosso organismo. “O nosso intestino tem dificuldade de absorver o ferro porque ele está ligado num vegetal. Se o mesmo ferro vier de proteína animal, ele é mais bem aproveitado”, diz Rocha.
Se a criança ou o adolescente se tornar irredutível na decisão de não comer carne, a recomendação de Rocha é que ele seja encaminhado a um especialista para avaliar a condição nutricional e, se for o caso, prescrever suplementos.
Meu desespero não chegou a tanto. Minha filha come ovos, toma leite e fica feliz como uma ratinha diante de um naco de queijo bem furado. Estou convencida de que isso não é suficiente. Vou continuar oferecendo, sem briga, sem drama, carne nas mais variadas e apetitosas formas.
Um dia desses ganhei minha primeira batalha. Depois de muito refletir, ela disse:
“Agora sou vegetariana. Como apenas frutas, verduras, vegetais e....bife à milanesa”
Em silêncio, festejei:
Um bife fino e macio encapado com uma crosta sequinha de farinha de rosca opera milagres. Será que esse é o verdadeiro trunfo da mãe italiana? Grazie a Dio.
O que você acha? Concorda ou discorda dos vegetarianos? Essa é uma opção saudável para crianças e adolescentes?
Alguns comentários :
Regiane Dias SP / Guarulhos 26/03/2011 21:13
Informação
Cristiane Segatto, como uma pessoa que escreve sobre medicina há 15 anos pode escrever um texto como esse? claro que sua preocupação com sua filha é normal mas você deve procurar entender que não é só porque um médico disse que não pode, não quer dizer que não pode... quer dizer que ele não aceita (tenha ele o titulo que tiver e o cargo que tiver, conheço doutores que são restritos intectualmente, ora... são pessoas e pessoas erram)... Procure conhecer vegetarianos e veganos, estude sobre os alimentos, fisiologia... não há mistério, há ignorância e intolerância e não é por parte dos vegetarianos... Outra coisa, não engane sua filha e respeite a opção dela!
eliza SC / Joinville 26/03/2011 19:32
Democracia
Acho engraçado que em vários outros itens que nao sejam a alimentação as pessoas falem com a boca cheia em democracia e liberdade de expressão. Ninguém é questionado por gostar de pop, rock, brega ou mpb. Ninguém é questionado por gostar de cabelos louros ou pretos. Ninguém é questionado por gostar de praia ou campo. Muitas vezes não se questiona aquele fumante na família que faz mal a si e aos que moram com ele. Não se questiona o artista que fuma maconha de vez em quando e parece "cool". Então porque passam tanto tempo questionando as pessoas que optam por não comer carne como se isso fosse um sacrilégio? Existem muito mais coisas que fazem mas a saúde, junk food por exmplo, comida industrializada e gordurosa, mas muita gente se orgulha em dizer que come no Mac Donalds todo santo dia. Não é a toa que o número de obesos aumenta cada vez mais no mundo todo Deixem os vegetarianos com suas preferencias em paz, cada um come o que bem entende e deve ficar feliz com isso. Porque nossa opção alimentar incomoda tanto? Que mal fazemos a vcs não vegetarianos? Liberdade de pensamento já!!!
Dr Eric Slywitch SP / São Paulo 26/03/2011 18:32
Parecer Médico - Parte 1
Parecer médico - Não há problema em criar uma criança vegetariana Minha experiência médica com esse assunto é prática, e não teórica, pelo fato de avaliar e acompanhar crianças diariamente no meu consultório. Infelizmente, ainda circula a idéia errônea de que uma criança não pode ser vegetariana. Uma mentira repetida inúmeras vezes faz as pessoas acreditarem que ela é verdade. Qualquer dieta, com ou sem carne, elaborada de forma inadequada, pode levar a deficiências nutricionais. A maior segurança que temos ao conduzir uma criança vegetariana é o fato de que todos os nutrientes de atenção podem ser facilmente monitorados em exames laboratoriais simples. Isso inclui a proteína, o ferro e a vitamina B12. Proteína – a dieta vegetariana fornece todos os aminoácidos que precisamos. A idéia de que a proteína animal é essencial se faz por medidas antigas da sua composição química. Alguns autores usam uma medida de validade questionável para a dieta mista, chamado valor biológico (quando deveriam utilizar o PDCAA), que avalia a incorporação da proteína no organismo humano. Se a dieta fosse constituída somente de aveia, por exemplo, sua composição de aminoácidos seria inadequada, levando a dificuldades de manutenção do estado nutricional de proteínas. Isso não aconteceria se alguém comesse exclusivamente a carne, ou ovos. No entanto, ao associar arroz com feijão, ou aveia com feijão, automaticamente teremos uma proteína de valor equivalente à carne.
Dr Eric Slywitch SP / São Paulo 26/03/2011 18:33
Parecer Médico - Parte 2
Ferro – a própria Sociedade Brasileira de Pediatria preconiza que as crianças não vegetarianas utilizem suplemento de ferro dos 6 meses aos 2 anos de idade. Se o ferro da carne fosse suficiente, não seria necessária essa recomendação. Basta seguir a mesma conduta com a criança vegetariana. A prevalência de anemia por deficiência de ferro em populações vegetarianas é a mesma que a encontrada em populações que comem carne. Parte da explicação está no fato de que, apesar do ferro vegetal ser menos absorvido que o animal, a presença de concentrações mais elevadas de vitamina C no reino vegetal favorece a absorção apenas do ferro vegetal. A avaliação nutrológica é fundamental para qualquer criança. Assim, tanto faz se ela é vegetariana ou não, pois as ferramentas para essa avaliação serão as mesmas. Quando encontramos deficiências nutricionais, todas elas podem ser corrigidas sem a necessidade de consumo de carne. Acredito que tenha havido uma confusão, ou mesmo um desconhecimento sobre o que é uma dieta vegetariana. Vegetarianismo não é herbivorismo. Não precisamos de uma flora bacteriana altamente fermentadora para transformar o capim em aminoácidos pelo simples fato de não comermos capim. A base da dieta vegetariana é o reino vegetal, e não verduras (que fazem parte do reino vegetal). A base nutricional da dieta vegetariana são os cereais e leguminosas (feijões), que são alimentos de elevada densidade nutricional e com ótimo teor protéico.
Cristiane Segatto, como uma pessoa que escreve sobre medicina há 15 anos pode escrever um texto como esse? claro que sua preocupação com sua filha é normal mas você deve procurar entender que não é só porque um médico disse que não pode, não quer dizer que não pode... quer dizer que ele não aceita (tenha ele o titulo que tiver e o cargo que tiver, conheço doutores que são restritos intectualmente, ora... são pessoas e pessoas erram)... Procure conhecer vegetarianos e veganos, estude sobre os alimentos, fisiologia... não há mistério, há ignorância e intolerância e não é por parte dos vegetarianos... Outra coisa, não engane sua filha e respeite a opção dela!
eliza SC / Joinville 26/03/2011 19:32
Democracia
Acho engraçado que em vários outros itens que nao sejam a alimentação as pessoas falem com a boca cheia em democracia e liberdade de expressão. Ninguém é questionado por gostar de pop, rock, brega ou mpb. Ninguém é questionado por gostar de cabelos louros ou pretos. Ninguém é questionado por gostar de praia ou campo. Muitas vezes não se questiona aquele fumante na família que faz mal a si e aos que moram com ele. Não se questiona o artista que fuma maconha de vez em quando e parece "cool". Então porque passam tanto tempo questionando as pessoas que optam por não comer carne como se isso fosse um sacrilégio? Existem muito mais coisas que fazem mas a saúde, junk food por exmplo, comida industrializada e gordurosa, mas muita gente se orgulha em dizer que come no Mac Donalds todo santo dia. Não é a toa que o número de obesos aumenta cada vez mais no mundo todo Deixem os vegetarianos com suas preferencias em paz, cada um come o que bem entende e deve ficar feliz com isso. Porque nossa opção alimentar incomoda tanto? Que mal fazemos a vcs não vegetarianos? Liberdade de pensamento já!!!
Dr Eric Slywitch SP / São Paulo 26/03/2011 18:32
Parecer Médico - Parte 1
Parecer médico - Não há problema em criar uma criança vegetariana Minha experiência médica com esse assunto é prática, e não teórica, pelo fato de avaliar e acompanhar crianças diariamente no meu consultório. Infelizmente, ainda circula a idéia errônea de que uma criança não pode ser vegetariana. Uma mentira repetida inúmeras vezes faz as pessoas acreditarem que ela é verdade. Qualquer dieta, com ou sem carne, elaborada de forma inadequada, pode levar a deficiências nutricionais. A maior segurança que temos ao conduzir uma criança vegetariana é o fato de que todos os nutrientes de atenção podem ser facilmente monitorados em exames laboratoriais simples. Isso inclui a proteína, o ferro e a vitamina B12. Proteína – a dieta vegetariana fornece todos os aminoácidos que precisamos. A idéia de que a proteína animal é essencial se faz por medidas antigas da sua composição química. Alguns autores usam uma medida de validade questionável para a dieta mista, chamado valor biológico (quando deveriam utilizar o PDCAA), que avalia a incorporação da proteína no organismo humano. Se a dieta fosse constituída somente de aveia, por exemplo, sua composição de aminoácidos seria inadequada, levando a dificuldades de manutenção do estado nutricional de proteínas. Isso não aconteceria se alguém comesse exclusivamente a carne, ou ovos. No entanto, ao associar arroz com feijão, ou aveia com feijão, automaticamente teremos uma proteína de valor equivalente à carne.
Dr Eric Slywitch SP / São Paulo 26/03/2011 18:33
Parecer Médico - Parte 2
Ferro – a própria Sociedade Brasileira de Pediatria preconiza que as crianças não vegetarianas utilizem suplemento de ferro dos 6 meses aos 2 anos de idade. Se o ferro da carne fosse suficiente, não seria necessária essa recomendação. Basta seguir a mesma conduta com a criança vegetariana. A prevalência de anemia por deficiência de ferro em populações vegetarianas é a mesma que a encontrada em populações que comem carne. Parte da explicação está no fato de que, apesar do ferro vegetal ser menos absorvido que o animal, a presença de concentrações mais elevadas de vitamina C no reino vegetal favorece a absorção apenas do ferro vegetal. A avaliação nutrológica é fundamental para qualquer criança. Assim, tanto faz se ela é vegetariana ou não, pois as ferramentas para essa avaliação serão as mesmas. Quando encontramos deficiências nutricionais, todas elas podem ser corrigidas sem a necessidade de consumo de carne. Acredito que tenha havido uma confusão, ou mesmo um desconhecimento sobre o que é uma dieta vegetariana. Vegetarianismo não é herbivorismo. Não precisamos de uma flora bacteriana altamente fermentadora para transformar o capim em aminoácidos pelo simples fato de não comermos capim. A base da dieta vegetariana é o reino vegetal, e não verduras (que fazem parte do reino vegetal). A base nutricional da dieta vegetariana são os cereais e leguminosas (feijões), que são alimentos de elevada densidade nutricional e com ótimo teor protéico.
Parecer Médico - Parte 3
Se houvesse problema em consumirmos alimentos de origem vegetal, frutas, verduras, legumes, arroz, feijão, nozes e castanhas, etc... não encontraríamos tantos efeitos benéficos ao nosso organismo como mostram os estudos científicos, por unanimidade. O aproveitamento dos vegetais no processo de digestão, é incompleto pelo fato da fibra não ser digerida. E graças a isso conseguimos eliminar mais colesterol pelas fezes, ter um intestino que funciona melhor e um controle mais adequado da glicemia e da saciedade. Para maiores informações, inclusive com referências científicas, recomendo o seguinte link: http://www.medicovegetariano.com.br/textos-publicados-na-revista-vegetarianos/
Adorei o post... Sou vegetariana há 3 anos e faço regularmente meus exames que estão sempre perfeitos.
ResponderExcluirMuito boa a explicação do dr. Eric, de forma clara e objetiva.
Acho que a jornalista deveria estudar mais sobre o assunto e respeitar a vontade da filha... Aliás, acho que mais e mais crianças começarão a se tornar vegetarianas, por respeito aos animais e ao planeta. Que bom!
Oi Aline
ResponderExcluirEu e meu marido (médico) somos vegetarianos há quase 30 anos e jamais tivemos problemas por isso. O vegetarianismo aumenta a cada dia e as crianças dessa nova geração são fortes e saudáveis.
ecoabraços
Ivana