J.J. Oliveira Gonçalves
De ti tenho compaixão
Cobaia – ao deus-dará...
Na gaiola – vil prisão
Tua Dor a sinto eu cá...
Nada vale tua Vida
Que o que vale é a experiência...
Encarcerada, perdida
Vítima és da Ciência...
Como é triste a tua Sina:
Sofrer... sofrer... e sofrer!
E o teu Amor nos ensina
Que ainda há muito o que aprender!
Inoculam-te veneno
Hediondos vírus – letais!
Mas o “sábio” – tão pequeno
Te faz sofrer mais e mais!
Cobaia, quem te agradece
Da Vida o sacrifício?
Quem por ti reza uma prece
Quem tem dó de teu “ofício”?
Poeta sou – e sou só isso...
Rimo Beleza com Dor!
Nada podendo, além disso
Vai no verso o meu Amor!
Irmã cobaia, te digo
Olhos queimando Emoção:
Me identifico contigo
Neste mundo de Ilusão!
Somos ambos prisioneiros
Do bicho-homem – terrível!
Já nascemos estrangeiros
Num mundo frio – insensível!
Cobaia, choro-te a sorte
Em meu peito solidário...
Não tens futuro – nem norte:
Destino vil – sectário!
Mas, que fazer – oh, cobaia
Se teu Caminho é atroz?
Se o véu da Vida desmaia
E ninguém te ouve a voz?
Jeitinho puro, inocente
Com olhinhos-de-esperar...
Curas, salvas muita gente
(Quem irá de ti lembrar?)
Quem sabe, um belo dia
(Com vestes cor da Esperança!)
Em vez da mão que crucia
Te afague a mão da criança!
E nesse dia que sonho
(Com direito à Vida, então!)
O homem – vilão medonho
Há de pedir-te perdão!
Há 2 semanas a Ingrid morreu. Ingrid era uma porquinha-da-índia. Minha nora a ganhou de meu filho, quando ainda eram namorados. Eram a Ingrid e o Cacuí. Eles tiveram 3 filhotinhos, Robinho, Diego e Bari. Cacuí teve cálculos renais e foi operado e a Ingrid, castrada, senão não dávamos conta da prole. Cauí e os filhotes viveram entre 5 e 6 anos. Ingrid viveu mais de 8 anos, muito além da expectativa de vida de um porquinho-da-índia. Meu filho e minha nora moram no Rio e sempre que vinham a São Paulo, os preazinhos ficavam no meu apartamento. O gaiolão ainda está aqui, agora vazio, e deixa muita saudade. Estes tiveram a chance de escapar do triste destino de virar cobaias. Eles tiveram cuidados adequados com seu bem-estar, carinho e muito, muito amor até o fim. Maria José Saores
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