MORCEGOS NÃO
SÃO MALVADOS
por Martha Follain
Apesar
de tudo que dizem contra eles por causa de filmes que os associaram a seres
folclóricos noturnos (os vampiros), morcegos são animais extraordinários,
importantes e úteis na natureza. Enquanto
o conde Drácula aterroriza o imaginário mundial, há um super-herói inspirado no morcego que é o
Batman, símbolo de generosidade, solidariedade e justiça.
Morcegos
são sagrados em Tonga (Oceania – Polinésia) e na África Ocidental. Representam longevidade
e felicidade na China, Polônia, Macedônia e Arábia Saudita. Em alguns países
asiáticos consome-se morcegos, e esse consumo vem sendo proibido pelas autoridades – por causa
da ameaça à existência de certas espécies,
embora ainda sejam apreciados na culinária tradicional.
Etimologicamente, a palavra “morcego” vem do
latim “mure”, significando “rato cego”, (os morcegos não enxergam muito bem,
mas não são cegos e possuem excelentes paladar, audição e olfato)
e são os únicos mamíferos que voam. Podem
voar a 50 km/h e até o século XIX pensava-se que eram aves.
Dependendo
da espécie, sua gestação dura de 2 a 7 meses e a maioria das espécies tem apenas 1 filhote por gestação e
de 1 a 2 gestações por ano. Os filhotes se tornam independentes aos 4 meses e
com 2 anos estão sexualmente maduros, aptos a procriarem.
Desenho de asa de morcego.
As asas dos morcegos são formadas por 5
ossos alongados com uma membrana entre
eles. Muitas espécies também possuem uma membrana nos membros posteriores e
cauda. No verão eles expandem suas asas para baixar a temperatura do corpo e no
inverno se enrolam nas mesmas, como se fossem um casaco. As cores de seu pelo curto podem
variar muito: preta, cinzenta, bege, marrom, branca, vermelha e amarela. Morcegos também
podem se mover no chão, mas desajeitadamente. Vivem de 4 a 30 anos dependendo
da espécie.
Segundo a classificação tradicional,
morcegos pertencem à ordem dos quirópteros com duas subordens: a dos morcegos
propriamente ditos e a das raposas voadoras, e há 1100 espécies (140 delas
vivem no Brasil, sendo que 125 na Floresta Amazônica), que podem ter uma
envergadura de 3 cm a 2 m. Mas essa
classificação vem sendo alterada. São animais noturnos, com exceção do subgrupo
raposas voadoras, que inclui muitas espécies diurnas.
A
origem desses animais não é muito conhecida, pois seus ossos pequenos e frágeis
não resultam em bons fósseis, quebrando-se com facilidade. Os morcegos mais
antigos foram encontrados há cerca de 50 milhões de anos.
Vivem em quaisquer ambientes, menos nos
polos. Preferem habitar locais úmidos e escuros como cavernas e descansam
pendurados de cabeça para baixo. Quando um grupo de morcegos sai de uma
caverna, vira sempre à esquerda, não se sabe porque.
Apesar de 70% dos morcegos serem
insetívoros, eles possuem a dieta mais variada entre os mamíferos, podendo
consumir frutas, folhas, polen, sementes, peixes, pequenos vertebrados e até
sangue. Somente 3 espécies se alimentam exclusivamente de sangue – são os
chamados hematófagos e são encontrados unicamente na América Central e América
do Sul. Em torno dos hematófagos é que surgiram lendas sobre “vampiros”. Mas
esses morcegos nem sugam – eles cortam superficialmente a pele de suas presas com
seus dentes afiados e lambem o sangue que escorre. Os hematófagos possuem um
sentido chamado “termopercepção”, que permite que eles localizem vasos
sanguíneos mais superficiais, tornando a mordida menos profunda e menos
dolorida, com menor risco da presa acordar ou perceber o ataque. Ao contrário
do que se pensa, morcegos não possuem anestésicos na saliva – o que produzem é um anticoagulante, que mantém a
ferida aberta por mais tempo, permitindo que se alimentem durante um intervalo
maior.
Os
morcegos possuem um sonar próprio, que é o sentido da ecolocalização, biossonar
ou orientação por ecos para se locomoverem no escuro, utilizado para buscar
alimentação, comunicação e orientação. Emitem
ultrassons pela boca e narinas, sons de altas frequências, acima de 70 mil khz,
que são inaudíveis para seres humanos (humanos captam sons em frequências de 20
khz a 20 mil khz). Essas ondas atingem obstáculos e voltam para os morcegos na
forma de ecos – eles percebem os ecos e podem localizar um obstáculo ou um inseto em vôo. Esse sistema acústico é
muito útil aos morcegos, pois necessitam se orientar à noite e em ambientes
como as cavernas que são bem escuras. Mas morcegos frugívoros também contam com
esse sentido, que os ajuda a localizar frutos e flores, além do reconhecimento
de outros indivíduos da mesma espécie. Os morcegos têm sido estudados para
desenvolvimento de aparelhos de sonar e ultrassons. Golfinhos e baleias também
possuem esse sistema de ecolocalização.
Morcegos
podem ser predados por corujas, falcões, algumas espécies de sapos e lacraias,
gambás, cobras, e há registro de predação de morcegos menores por bem te vis. Mas um grande problema para eles são os parasitas: pulgas e carrapatos. Também podem sofrer infestação por
fungos nas asas, o que os impede de voar.
Como a maior parte dos morcegos é
insetívora, eles possuem uma substancial importância como predadores de
pequenos roedores e insetos, mantendo essas populações controladas, impedindo
que virem pragas. Um morcego marrom pode comer em 1 hora cerca de 900 insetos
do tamanho de um mosquito. Morcegos também são
importantes por seu guano, pela
polinização e dispersão de sementes que executam.
Guano é a acumulação dos excrementos de uma colônia de morcegos (ou
aves), rico em fosfato e nitrogênio, sendo portanto, excelente adubo natural. O
guano foi muito utilizado, e ainda é, mesmo depois da criação de adubos industriais. Mas deve-se
tomar cuidado com seu manuseio, pois
pode conter fungos causadores da histoplasmose, que é uma micose que
ataca os órgãos internos causada por inalação. O guano de morcegos sustenta
muitos ecossistemas, já que é a principal fonte de nutrientes em uma caverna.
Na polinização os morcegos, assim como abelhas e beija flores, visitam flores para consumir o néctar, e levam
o pólen de uma flor a outra da mesma espécie, ajudando assim na reprodução
dessas flores. Mas eles não só polinizam como também dispersam sementes, quando
carregam os frutos que comem. Dessa forma podem transportar as sementes por
grandes distâncias, ajudando na reprodução de plantas e colonização de áreas. Um único morcego pode transportar mais de 500 sementes em uma noite,
garantindo a sobrevivência de muitas florestas e regeneração de florestas
degradadas.
No Brasil os morcegos são espécies silvestres, sendo portanto,
protegidos pela Lei de Proteção à Fauna, Lei 5197/67, sendo proibidas sua caça,
perseguição ou destruição. Esses atos constituem crimes - Art. 1º. Os animais de quaisquer
espécies, em qualquer fase do seu desenvolvimento e que vivem naturalmente fora
do cativeiro, constituindo a fauna silvestre, bem como seus ninhos, abrigos e
criadouros naturais são propriedades do Estado, sendo proibida a sua
utilização, perseguição, destruição, caça ou apanha.
São também
protegidos pela Lei Contra Crimes Ambientais, Lei Federal 9605 / 98 que proíbe a utilização,
perseguição, destruição e caça de animais silvestres e prevê pena de prisão de
6 meses a 1 ano, além de multa para os infratores.
Morcegos são
animais muito importantes, movimentando a cadeia alimentar e contribuindo decisivamente para o
equilíbrio ambiental. Infelizmente, já há 8 espécies na lista de animais ameaçados
de extinção do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis
(IBAMA). A preservação dos morcegos é vital para a preservação de florestas, e são necessários
esclarecimentos e educação da população
assim como campanhas preservacionistas.
Um fato alarmista, controvertido e mal entendido é a transmissão da
raiva por morcegos a seres humanos. Sim, os cientistas afirmam que a maioria
dos casos de transmissão dessa doença é causada por mordidas de morcegos. Os
transmissores são os hematófagos. Mas a maioria dos morcegos não está
contaminada com a raiva, e os animais portadores são identificáveis, pois
perdem a capacidade de voar, ficam
desorientados, agressivos, com tremores, descoordenação motora, contrações
musculares, o que faz com que possam entrar em contato com humanos. Claro está
que deve-se evitar a manipulação e tê-los nos locais onde se vive, cuidados
esses que devem ser aplicados em relação a qualquer animal silvestre. Caso o
morcego tenha atacado alguém, a pessoa deve procurar um hospital ou o centro de
saúde mais próximo, e o morcego deve ser capturado e enviado imediatamente ao
Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), que orientará o indivíduo. Mesmo que o
morcego tenha morrido, deve ser encaminhado ao CCZ. Um dado curioso é que, nos
últimos 50 anos menos de 10 pessoas contraíram raiva de morcegos, na América do
Norte.
Morcego
livre O Projeto Morcego Livre alerta:
“O morcego só morde para se defender. Ele tem muito mais medo de você do que você dele, pode ter certeza. Nunca toque num morcego principalmente se ele estiver no chão e parecer machucado. Em caso de mordida ou mesmo um arranhado por morcegos faça o seguinte:
“O morcego só morde para se defender. Ele tem muito mais medo de você do que você dele, pode ter certeza. Nunca toque num morcego principalmente se ele estiver no chão e parecer machucado. Em caso de mordida ou mesmo um arranhado por morcegos faça o seguinte:
- lave o local
com bastante água e sabão:
- não
mate nem jogue fora o animal;
- procure
orientação médica numa unidade de saúde mais próxima de sua casa imediatamente;
- Ligue para o Laboratório de Manejo de Fauna, CCZ, para buscarem o animal, mesmo que ele esteja morto. Isso é muito importante para você e para toda a comunidade, pois o morcego tem que ser examinado.
- Ligue para o Laboratório de Manejo de Fauna, CCZ, para buscarem o animal, mesmo que ele esteja morto. Isso é muito importante para você e para toda a comunidade, pois o morcego tem que ser examinado.
NUNCA PEGUE UM MORCEGO - DEIXE O BICHO EM PAZ,
ELE SÓ VAI MORDER PARA SE DEFENDER”.
Texto
meramente informativo. Procure sempre orientação médica, veterinária e de
especialistas.
|
Referências:
- William
Stutz ( veterinário da Secretária de Saúde de Uberlândia e coordenador do Projeto
Morcego Livre) e Marco A. R. de Mello (biólogo e mestre em Ecologia).
TEXTO REGISTRADO
NA BIBLIOTECA NACIONAL – DIREITOS AUTORAIS – Reprodução permitida, desde que,
com todos os créditos da autora e de seu trabalho.
Martha Follain: Formação em Direito, Neurolinguística, Hipnose e Regressão. Terapia Floral de Bach, Aromaterapia, Terapia Floral de Minas, Fitoterapia Brasileira, Cromoterapia, Cristaloterapia, Terapia Ortomolecular, Bioeletrografia, Terapia de Integração Craniossacral - para animais humanos e animais não humanos. Consultora da “Phytoterápica”. Atendimentos e cursos - CRTH 0243
Martha Follain: Formação em Direito, Neurolinguística, Hipnose e Regressão. Terapia Floral de Bach, Aromaterapia, Terapia Floral de Minas, Fitoterapia Brasileira, Cromoterapia, Cristaloterapia, Terapia Ortomolecular, Bioeletrografia, Terapia de Integração Craniossacral - para animais humanos e animais não humanos. Consultora da “Phytoterápica”. Atendimentos e cursos - CRTH 0243
Muito importante divulgar estas informações sobre os Morcegos, eles têm papel decisivo para a dispersão de sementes de flora nativa, reflorestamento, controle de mosquitos e polinização, além de serem seres maravilhosos em seu modo de viver, altamente apeefeiçoados e evoluídos.
ResponderExcluir