Ivana Maria França de Negri
As pessoas conscienciosas, que se
preocupam com o meio ambiente, com as causas ecológicas, com os animais e a
natureza, muitas vezes são motivo de chacota e chamadas por adjetivos nada
lisonjeiros como o que dá título a este texto. E os que assim procedem, se
acham donos da verdade e são os que pretendem continuar poluindo sem remorsos.
Na verdade, é muito mais fácil ser ecologicamente
incorreto. É bem mais confortável ficar horas desperdiçando água e energia no
banho, lavar calçadas usando o esguicho como vassoura, deixar as luzes da casa
acesas e a TV ligada sem ninguém assistindo apenas por preguiça de desligar.
É bem mais fácil ir ao supermercado sem levar a própria sacola
resistente e utilizar dezenas de sacolinhas
plásticas que depois serão descartadas
gerando toneladas de lixo que ajudarão a poluir ainda mais o meio
ambiente. Cada vez que se vai a um supermercado comprar meia dúzia de produtos,
volta-se com o dobro de sacolas. Os embaladores colocam cada item numa sacola
plástica e “reforçam” com mais outra, e às vezes com outra ainda. Uma compra
que poderia ser carregada em uma única sacola, acaba utilizando uma dúzia
delas. E se ficam no porta-malas por algum tempo, sob o calor do sol, ficam
moles e arrebentam quando carregadas causando grande constrangimento quando as
compras rolam pelo chão.
Isso sem falar nas centenas de criaturas marinhas que morrem
anualmente engolindo sacos plásticos pensando que são algas ou sendo asfixiadas
pelos saquinhos.
É muito mais cômodo jogar o óleo usado na pia da cozinha ao invés de
esperar que esfrie, colocá-lo numa garrafa pet e destiná-lo ao órgão
reciclador.
É bem mais simples jogar lâmpadas queimadas no lixo comum, ou
quebrá-las para reduzir o volume, deixando que vaze o mercúrio poluindo a
natureza por centenas de anos, ao invés de embalá-las e devolver aos
fabricantes para reciclamento.
É bem mais cômodo atirar pilhas e baterias na lata de lixo ao invés de
guardá-las num recipiente até juntar várias delas para depositar nos locais de
coleta.
Conclui-se que é muito mais fácil ser inimigo da natureza do que ser
ecologicamente correto. Então, por que os que agem corretamente são sempre
motivo de piadas, gozação, desrespeito e
chamados de radicais?
E o que é ser radical? Radical vem de raiz, e se queremos cortar um
mal, tem que começar pela raiz. Isso é ser radical. Não existe um meio termo.
Já viram alguém ser “meio” fiel? Já viram um “meio” assassino? Ou se é ou não
é. Tem gente que diz: “sou vegetariano e consumo apenas frango e peixe”. Então,
não é vegetariano, pois frango e peixe também são carnes de animais.
Numa democracia, todos têm o direito de
dizer o que pensam. Mas é preciso que as outras partes, as que se sentirem
insultadas, agredidas ou mal interpretadas,
tenham voz também.
Pessoas que se importam com a natureza e tem
consciência da importância de rever atitudes em prol do futuro do planeta, são
muitas vezes ridicularizadas, denominadas por termos nada edificantes como
ecochatas, radicais, alienadas.
Não é preciso ser estudioso no assunto, ou um “ecochato”, para ter a
mínima noção de que utilizar os bens não renováveis do planeta, sem
responsabilidade, é declarar a extinção da própria espécie.