Sou vegetariana por amor aos animais
"Se os matadouros tivessem paredes de vidro
todos seriam vegetarianos."
(Paul e Linda Mc Cartney)
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sexta-feira, 31 de maio de 2019
quinta-feira, 16 de maio de 2019
Relatório da ONU apresenta cenário terrível para a natureza – e a culpa é nossa
02/05/2019 https://noticias.ambientebrasil.com.br/clipping/2019/05/02/151774-relatorio-da-onu-apresenta-cenario-terrivel-para-a-natureza-e-a-culpa-e-nossa.html
A presença humana na Terra é, de forma inquestionável, extremamente perigosa para as outras espécies de seres vivos do planeta. Em uma prévia de um relatório que deve ser divulgado no início de maio, a ONU aponta que até um milhão de espécies enfrentam risco de extinção devido à influência humana neste momento. A prévia foi obtida pela agência de notícias France Press (AFP), que reportou alguns dos pontos mais importantes. Segundo a agência, o texto da ONU indica meticulosamente como a humanidade minou os recursos naturais dos quais depende a sobrevivência da vida no planeta – incluindo a nossa própria.
O relatório destaca que a perda acelerada de ar limpo, água potável, florestas que absorvem CO2, insetos polinizadores, peixes ricos em proteínas e manguezais bloqueadores de tempestades, entre outras características naturais do planeta que estão sendo destruídas, são tão ameaçadoras quanto o aquecimento global.
Além disso, essas perdas estão todas interligadas. A perda de biodiversidade e o aquecimento global, por exemplo, estão intimamente conectados, de acordo com o relatório, chamado Sumário de 44 Políticas para Agentes Políticos (em tradução livre), que faz uma avaliação de 1.800 páginas a respeito do estado atual da natureza, baseada na literatura científica.
Delegados de 130 países estão reunidos em Paris desde ontem (29 de abril) para examinar o texto do relatório. A redação pode mudar, mas os valores levantados pelo relatório subjacente não podem ser alterados. “Precisamos reconhecer que as mudanças climáticas e a perda da natureza são igualmente importantes, não apenas para o meio ambiente, mas também para questões econômicas e de desenvolvimento”, disse à AFP Robert Watson, presidente do órgão da ONU responsável por compilar o relatório. “A forma como produzimos nossos alimentos e energia está minando os serviços de regulação que recebemos da natureza”, disse ele, acrescentando que apenas “mudanças transformadoras” podem conter os danos.
Perda acelerada de espécies A AFP destaca que o desmatamento e a agricultura, incluindo a produção pecuária, são responsáveis por cerca de um quarto das emissões de gases de efeito estufa, além de também causarem estragos nos ecossistemas naturais. O relatório da Plataforma Intergovernamental de Políticas Científicas sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES) alerta para “uma rápida aceleração iminente na taxa global de extinção de espécies”.
O ritmo da perda “já é dezenas a centenas de vezes maior do que tem sido, em média, nos últimos 10 milhões de anos”, observa. “Meio milhão a um milhão de espécies estão ameaçadas de extinção, muitas dentro de décadas”, alerta o texto.
Muitos especialistas acreditam que isso significa que o chamado “evento de extinção em massa” – apenas o sexto do último meio bilhão de anos na Terra – já está em andamento.
O mais recente deles culminou com o fim do período Cretáceo, cerca de 66 milhões de anos atrás, quando um asteroide de 10 quilômetros caiu perto do golfo do México e acabou com a maioria das formas de vida no planeta.
Os cientistas estimam que a Terra é hoje o lar de cerca de oito milhões de espécies distintas, a maioria delas insetos. Um quarto destas espécies catalogadas de animais e plantas já está tendo suas vidas ameaçadas, seja por falta de espaço, seja por estar sendo comido ou envenenado.
A queda nos números é ainda mais dramática em relação à biomassa de mamíferos selvagens – ou seja, seu peso coletivo. Este número teve uma queda de 82% – seres humanos e o gado respondem por mais de 95% da biomassa de mamíferos.
“Se quisermos ter um planeta sustentável que forneça serviços para comunidades em todo o mundo, precisamos mudar essa trajetória nos próximos dez anos, assim como precisamos fazer isso com o clima”, observa na matéria da AFP Rebecca Shaw, cientista-chefe da World Wide Fund for Nature (WWF), organização não governamental internacional que atua nas áreas da conservação, investigação e recuperação ambiental, e ex-membra dos órgãos científicos da ONU para o clima e a biodiversidade.
Segundo o relatório, as causas diretas da perda de espécies, em ordem de importância, são: o encolhimento do habitat e das mudanças no uso da terra, caça – como meio de alimentação ou comércio ilícito de partes do corpo -, mudanças climáticas, poluição e espécies exóticas como ratos, mosquitos e cobras que pegam carona para outros lugares em viagens de navios ou aviões.
“Há também dois grandes fatores indiretos de perda de biodiversidade e mudança climática – o número de pessoas no mundo e sua crescente capacidade de consumir”, lembra Watson.
Antes visto como uma ameaça futura à vida animal e vegetal, o impacto disruptivo do aquecimento global se acelerou, e este impacto já está sendo dentido atualmente pela vida selvagem. Mudanças na distribuição de espécies, por exemplo, provavelmente dobrarão se a temperatura média subir um nível de 1,5 graus Celsius para 2C.
Até agora, o termômetro global subiu 1C em comparação com os níveis do meio do século 19. O Acordo de Paris de 2015 ordena que as nações limitem a ascensão da temperatura a algo “bem abaixo” de 2C. Um relatório climático da ONU revelado em outubro do ano passado, entretanto, afirma que isso ainda seria suficiente para aumentar a intensidade e a frequência de ondas de calor, secas, inundações e tempestades.
– Três quartos das superfícies terrestres, 40% do ambiente marinho e 50% das vias navegáveis interiores em todo o mundo foram “severamente alteradas”
– Muitas das áreas onde a contribuição da natureza para o bem-estar humano será mais gravemente comprometida são o lar dos povos indígenas e das comunidades mais pobres do mundo, que também são vulneráveis às mudanças climáticas
– Mais de dois bilhões de pessoas dependem de combustível de madeira (como lenha ou carvão) para ter energia, quatro bilhões dependem de medicamentos naturais e mais de 75% das plantações globais de alimentos requerem polinização animal
– Quase metade dos ecossistemas terrestres e marinhos foi profundamente comprometida pela interferência humana nos últimos 50 anos
– Subsídios à pesca, agricultura industrial, pecuária, silvicultura, mineração e produção de biocombustível ou energia de combustíveis fósseis estimulam o desperdício, a ineficiência e o excesso de consumo
O relatório alerta também contra soluções para o aquecimento global que podem, sem intenção, prejudicar a natureza. A utilização, por exemplo, de biocombustíveis combinados com “captura e armazenamento de carbono” – o sequestro de CO2 liberado quando os biocombustíveis são queimados – é amplamente vista como fundamental na transição para a energia verde em escala global.
Mas a terra necessária para cultivar todas essas culturas de biocombustíveis pode acabar reduzindo a produção de alimentos, a expansão de áreas protegidas ou os esforços de reflorestamento. [AFP, Live Science
Fonte: Hypescience
quinta-feira, 9 de maio de 2019
Rações animais
Pesquisadores do CENA/Piracicaba para a revista Pesquisa/Fapesp
Segundo o estudo, a maioria das amostras de comida para gatos tinha quantidade excessiva de carboidrato de milhoLéo Ramos Chaves
Embalagens de ração para cães ou gatos normalmente exibem a imagem de alimentos que, em tese, são os principais na composição do produto. Apesar de não existirem embalagens ilustradas com milho ou subprodutos de frigoríferos de aves, como farinha de vísceras de frango, esses são os ingredientes que os animais de estimação do Brasil mais consomem, segundo dois estudos feitos na Universidade de São Paulo (USP). Carne bovina ou peixe, ingrediente nobre em alimentos para gatos, quase não há na comida industrializada para esses animais de estimação, afirma o coordenador das pesquisas, o engenheiro-agrônomo Luiz Antônio Martinelli, do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena), no campus de Piracicaba da USP.
Um dos trabalhos analisou 82 amostras de 25 marcas de ração para cachorro, seca e úmida, e constatou que, em média, os produtos têm 60% de nutrientes de origem animal e 40% de vegetais. “A embalagem mostra uma coisa, induzindo o consumidor a pensar na ‘nobreza’ dos ingredientes, mas, na verdade, quase tudo se reduz a milho e frango”, diz Martinelli. “Essa prática não é ilegal, pois a legislação brasileira é muito permissiva.” Os resultados do estudo foram divulgados em um artigo científico publicado no periódico PeerJ em 20 de fevereiro deste ano.
Embalagens, às vezes, mostram um bife, mas a ração pode conter só aromatizante de carne bovina, diz Luiz Antônio Martinelli, do Cena-USP
As conclusões do segundo trabalho, que determinou a composição de 52 amostras de 28 marcas de comida para gato, foram parecidas. Embora a porcentagem de proteína animal, essencialmente frango, detectada nas rações para felinos tenha sido em média até maior do que nos alimentos industrializados para cachorro, a quantidade de ingredientes de origem vegetal, novamente milho e um pouco de soja, foi considerada excessiva pelos pesquisadores. Em somente 20% das amostras havia menos do que 10% de conteúdo de origem vegetal, rico em carboidratos. “O cão é um carnívoro flexível e adaptou-se a um regime com mais vegetais ao longo da evolução”, diz a bióloga Janaina Leite, aluna de mestrado no Cena que fez as análises sobre rações de felinos. “Mas o gato é um carnívoro restrito, com menor capacidade para digerir carboidratos. Por isso, alguns autores recomendam que sua dieta seja composta de, no máximo, 10% desse ingrediente.”
Mesmo nas amostras de ração úmida para felinos que enfatizavam no rótulo a presença de carne bovina ou de peixe, a presença dos ingredientes de origem animal não passou de 25%, de acordo com a análise do Cena. O temor dos pesquisadores é de que, a longo prazo, como sugerem alguns estudos, as quantidades exageradas de carboidrato do milho levem os gatos a desenvolver diabetes e problemas renais com mais frequência. Um artigo científico com os resultados detalhados do estudo com as rações de felinos foi submetido para uma revista científica e aguarda aprovação.
Para inferir quais ingredientes estão presentes nas rações e em que quantidade, o grupo de Martinelli determina a proporção de duas variantes (isótopos) estáveis do elemento químico carbono e duas do nitrogênio encontradas nos alimentos industrializados. Cada grupo de plantas e tipo de proteína animal apresenta uma assinatura isotópica característica. No caso dos vegetais, de acordo com a proporção de dois isótopos de carbono, o raro e pesado carbono 13 e o leve e abundante carbono 12, é possível descobrir se existem plantas do grupo C3 (soja, arroz e trigo) ou do C4 (milho) na composição da comida. Os vegetais são classificados como C3 ou C4 em função do tipo de fotossíntese que fazem. As plantas absorvem gás carbônico e, sob a luz solar, realizam reações químicas que geram moléculas de açúcar com três átomos de carbono (sendo denominadas C3) ou quatro carbonos (as C4).
O cuidado extremo com os animais de estimação faz com que seus donos atribuam um maior valor a produtos que teriam ingredientes considerados mais nobres pelos seres humanos. Segundo o grupo de Martinelli, mesmo as rações classificadas como premium, mais caras e supostamente de melhor qualidade, que associam ao seu produto a presença de carne bovina ou peixe, são compostas fundamentalmente de frango e milho, insumos mais baratos no Brasil. “A legislação sugere que os ingredientes das rações devem ser listados no rótulo em ordem decrescente, do mais abundante para o menos, mas isso é só uma recomendação”, afirma Leonardo Galera, aluno de doutorado do Cena, autor principal do artigo sobre a comida de cães. A ausência de obrigatoriedade desse princípio na legislação abre espaço para propaganda enganosa, de acordo com os autores do trabalho. “A ração pode mostrar a figura de um bife no pacote e ter só um flavorizante ou um aromatizante de carne, sem conter carne de verdade”, comenta Galera. O conteúdo ideal de carboidrato que gatos devem ou podem ingerir ainda não é, de fato, um consenso.Um raciocínio semelhante pode ser empregado para determinar que tipos de carne (bovina, suína, de frango ou peixe) fazem parte dos ingredientes de uma ração, só que usando duas diferentes formas de nitrogênio, o escasso nitrogênio 15 e o comum nitrogênio 14. “As análises isotópicas são um método reconhecido de estudo da composição de alimentos e bebidas e também do perfil da dieta de populações”, comenta Martinelli, que já empregou essa abordagem no estudo de vinhos, cervejas e shoyu.
Mercado brasileiro de ração para animais de estimação fatura cerca de R$ 20 bilhões por ano
Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), todas as marcas sob sua representação seguem a legislação brasileira à risca e atendem as normas da comunidade veterinária. A mistura de insumos usados na fabricação das rações segue diretrizes de estudos internacionais, afirma o principal dirigente da entidade. “De fato, entre as proteínas animais, o frango apresenta predominância, e o milho é o mais utilizado entre as matérias-primas vegetais”, diz, em comunicado, o presidente-executivo da entidade, José Edson Galvão de França. “O alimento industrializado para cães e gatos deve conter entre 30% e 60% de ingredientes de origem animal e de 40% a 57% de vegetais. Por fim, entre 3% e 10% de sua composição deve ser de ingredientes de origem mineral, vitaminas ou aditivos.”
Composição qualitativa
As regras atuais de rotulagem para rações no Brasil constam da instrução normativa nº 30, de 5 de agosto de 2009, do Ministério da Agricultura. O documento, que recebeu emendas posteriormente, lista apenas a exigência de se especificar a composição básica “qualitativa” dos produtos, sem especificação de sua quantidade. “A respeito das rotulagens, é obrigação dos fabricantes dar clareza ao consumidor a respeito dos ingredientes contidos em cada produto”, afirma França. “Sobre embalagens e estratégia de marketing, desde que sigam as leis e boas práticas, cada fabricante pode chamar a atenção para os diferenciais do produto e decidir como comunicá-los para o consumidor.” O artigo 43 da instrução normativa afirma que fotos e inscrições nas embalagens do produto não devem “induzir o consumidor a equívoco, erro, confusão, falso entendimento ou engano, mesmo por omissão”, sobre sua composição e qualidade.
As regras atuais de rotulagem para rações no Brasil constam da instrução normativa nº 30, de 5 de agosto de 2009, do Ministério da Agricultura. O documento, que recebeu emendas posteriormente, lista apenas a exigência de se especificar a composição básica “qualitativa” dos produtos, sem especificação de sua quantidade. “A respeito das rotulagens, é obrigação dos fabricantes dar clareza ao consumidor a respeito dos ingredientes contidos em cada produto”, afirma França. “Sobre embalagens e estratégia de marketing, desde que sigam as leis e boas práticas, cada fabricante pode chamar a atenção para os diferenciais do produto e decidir como comunicá-los para o consumidor.” O artigo 43 da instrução normativa afirma que fotos e inscrições nas embalagens do produto não devem “induzir o consumidor a equívoco, erro, confusão, falso entendimento ou engano, mesmo por omissão”, sobre sua composição e qualidade.
Os pesquisadores do Cena não divulgaram os nomes das marcas de ração analisadas. O objetivo inicial dos trabalhos era obter uma visão geral dos produtos no mercado no Brasil, onde há cerca de 130 milhões de pets, entre cães, gatos, peixes e aves de estimação. Porém eles estão colhendo uma amostragem mais ampla dos produtos disponíveis no setor nacional de rações, que fatura mais de R$ 20 bilhões por ano, para futuramente realizar análises de marcas individuais. Também preveem fazer testes que simulem a capacidade de digerir as rações. “Não basta a ração conter determinado ingrediente de origem animal se sua digestibilidade for baixa”, comenta o engenheiro-agrônomo Adibe Luiz Abdalla Filho, outro autor do estudo, que faz estágio de pós-doutorado no Cena.
Artigo científico
Galera, L. A. et al. Carbon and nitrogen isotopic composition of commercial dog food in Brazil. PeerJ. 22 fev. 2019.
Galera, L. A. et al. Carbon and nitrogen isotopic composition of commercial dog food in Brazil. PeerJ. 22 fev. 2019.
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