Pedro
Israel Novaes de Almeida
A imagem de um canudo plástico sendo
retirado da narina de uma tartaruga chocou milhões de pessoas, e desnudou a
triste realidade de um progressivo e constante atentado ao meio ambiente.
O plástico inovou, com sua
versatilidade e baixo custo financeiro, o setor de embalagens e composições,
trazendo grande conforto à humanidade.
Invadiu cidades, campos, mares e rios, a poucos importando seu efeito cumulativo
e destruidor.
Poucas e localizadas leis não conseguiram
diminuir o impacto ambiental gerado pela crescente presença de resíduos
plásticos, em nosso meio, e nossos legisladores, em todos os níveis, ainda
encontram conforto na omissão, escudados em desprezíveis argumentos de concorrência
comercial, inexistência de alternativas prontamente disponíveis e hábitos da
população. Dispensam, à questão ambiental, o mesmo desdém que dispensam ao tema
dos fogos de artifício barulhentos, tão maléficos quanto dispensáveis.
Contudo, pesquisas recentes tornam
criminosas as omissões legislativas, ao demonstrarem que resíduos plásticos
estão sendo encontrados em aves e peixes, e também em grande número de animais,
inclusive os humanos. Podemos estar ingerindo minúsculos resíduos plásticos em
nossa alimentação diária.
A poluição causada pela presença de
plásticos no meio ambiente é, enfim, reconhecida como uma questão de saúde
pública, com consequências que serão, dia a dia, mais explicitadas.
Apesar da resistência apresentada
pelas grandes nações, mais interessadas em manter o estrelato industrial e
comercial, a humanidade clama por soluções urgentes e duradouras. O risco
imediato à saúde humana enfim trouxe, à seara ambiental, a adesão até daqueles
que julgavam que a luta pelo integridade e equilíbrio do meio ambiente era mais
romântica que efetivamente necessária.
Podemos, e devemos, abrir mão dos
confortos e facilidades dispensadas pelas embalagens e materiais plásticos,
situação que a humanidade experimentou por milênios.
A utilização de sacos plásticos, em
supermercados, já foi proibida e novamente permitida dezenas de vezes,
demonstrando a cruel e forte resistência a posturas inovadoras e necessárias. A
deseducação e desrespeito humanos fazem com que garis sejam forçados a coletar
e sair por aí, equilibrando dezenas de saquinhos plásticos, contendo lixo, até
mesmo em residências suntuosas, cujos proprietários podem, com facilidade,
adquirir embalagens maiores.
A reciclagem, como nunca, deve ser
estimulada, cabendo às prefeituras disponibilizarem barracões, prensas e
caminhões, facilitando a atividade. A correta destinação do lixo urbano,
incluindo resíduos sólidos, deve ser prioritária.
Materiais existem, como tecidos,
papéis e outros materiais mais facilmente decomponíveis. Falta educação e
atitudes, públicas e privadas.
Tartaruga com canudo plástico no nariz