Luzia Stocco
Uma informação que muitos de nós ainda
não atentamos, pois se já a tivéssemos, mudaríamos, com certeza, nosso
cardápio, a menos que a ausência de compaixão e a impiedade fizessem parte de
nosso caráter. Refiro-me à radical mudança no modo como se criam animais e aves
nas últimas décadas!
Quem já morou em sítio sabe que havia
certa liberdade na criação dos animais, embora também houvesse casos de
insensibilidade. Claro, éramos uma sociedade com poucos conhecimentos,
comparada à de hoje. Porém, nada se compara à crueldade à que são expostos
atualmente, tanto nas granjas, matadouros bovinos e suínos e outros. Precisaria
de muitas páginas para descrever o tratamento que recebem. Restrinjo-me a tais:
confinados sem direito de ir e vir (não há locomoção!), sem oportunidade de
conviver e criar os filhotes, choques elétricos, agressões, fêmeas prenhas
deprimidas e maltratadas, os machos, os defeituosos ou doentes são descartados
no lixo. Antibióticos, hormônios, raiva e estresse são alguns dos componentes
que ingerimos quando os consumimos. E se formos citar os lugares clandestinos,
que representam quase 50%, encontraremos marretadas e mais sofrimento ainda. Os
ovos de granja passam pelo mesmo viés, pois derivados de galinhas nestas ímpias
condições. O que fazer? Informar-se! optar pelo frango e ovo caipira e
orgânico, leite com procedência conhecida e, lembrando, sempre nos resta opções,
seres reflexivos e maleáveis podemos alterar nosso hábito valorizando o reino
vegetal, tão rico e completo! São posturas éticas, sim, ao contrário do que
muitos dizem, que faz a diferença e nos deixa melhores do que somos ou podemos
ser. Fica uma questão: “você permitiria
que torturassem, estuprassem, colocando em confinamento e depois se
alimentassem de seu cachorro, seu gato ou qualquer outro animal de estimação??”
Obviamente diremos que NÃO! Por que fazemos vistas grossas, por que nos
omitimos diante do que não é nosso? Será que usamos desse mesmo raciocínio em
relação às pessoas que não conhecemos? Eis a questão!!
A globalização não condenou apenas as
pessoas à neo escravidão, mas também os animais. Somos recordistas em
exportação, sendo a carne o primeiro item. Os outros produtos, como a soja, derivam
dela, pois geram alimentos à fábrica assassina de animais em massa. Ambos
ocupam grandes extensões de terra, desmatam, poluem, excedem no uso da água.
Onde colocar tanto lixo dos detritos animais? Copiar o gesto da Holanda que
despeja toda a merda inútil de seus animais em terras africanas, por uns trocados?
Ou seja, desgastamos o meio ambiente brasileiro, massacramos nossos animais,
deixamos de lado a ética e valores como a dignidade para favorecer a indústria
alimentícia de outros países, geralmente às classes privilegiadas. Desde adolescente via os jornais noticiarem
as exportações que o Brasil fazia de suas monoculturas e sempre me inquietava
tamanha insensatez: por que alimentar primeiro aos de fora se passamos fome
aqui? Por que não fazemos a policultura? Hoje vejo tudo como antes! Mas, com a Campanha 2ª feira Sem Carne, em muitas
cidades, vemos Ongs, empresas, artistas, escritores, escolas e outros aderindo
e lutando por uma conscientização. Bons ares, divinos, nos envolvam!
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