Vozes do Silêncio
"Estes gritos assustadores ao redor
são o que chamam de silêncio?"
(do filme "O Enigma de Kaspar Hauser", de Werner Werzog)
Vozes do Silêncio – Cultura Científica: Ideologia e Alienação no Discurso sobre Vivissecção, de João Epifânio Regis Lima, surge agora em formato de livro, pouco mais de uma década após sua elaboração como Dissertação de Mestrado ao Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, em 1995, sob orientação da Professora Doutora Eda T. de O. Tassara. Este trabalho tem sido, desde então, importante referencial teórico à postura antivi-visseccionista no Brasil, inspirando monografias de conclusão de cursos universitários, teses em congressos ambientais e ações judiciais propostas em defesa dos animais. O autor, que leciona Filosofia da Ciência e Estética na Universidade Metodista, em São Bernardo do Campo, cumpriu sua trajetória acadêmica na USP: graduação em Ciências Biológicas, mestrado em Psicologia e doutorado em Filosofia. Sua inquietação diante do tormentoso tema da vivissecção remonta à experiência pessoal que teve na faculdade de Ciências Biológicas, meados dos anos 80, ao se deparar nas aulas práticas com pombos descerebelados, sapos com a espinha dorsal seccionada, camundongos decapitados, cães trêmulos amarrados à mesa cirúrgica, dentre outros tantos animais pretensamente usados "em prol da ciência".
Vozes do Silêncio surge para ocupar, enfim, seu devido lugar no cenário editorial brasileiro, trazendo outros argumentos capazes de aproximar a atividade científica dos princípios da solidariedade e do respeito. Talvez não tenha sido por acaso, aliás, que a presente iniciativa coube ao Instituto Nina Rosa, entidade reconhecida pelos seus relevantes projetos de educação humanitária e amor à vida. Espera-se que agora, pelas mãos generosas de Nina Rosa, esta publicação una esforços àquelas outras já existentes sobre o tema, na expectativa de suscitar novas reflexões e de contribuir para as necessárias mudanças de paradigma na mentalidade dos pesquisadores. Que essa pequena revolução interior possa conciliar ciência e ética, permitindo ao mesmo tempo que se dê voz a milhões de criaturas torturadas e silenciadas pelo homem.
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